A Cabeça Muda
A Cabeça Muda, de Cláudia Lucas Chéu
Encenação Rui Neto
Interpretação Ana Lopes Gomes, Isabel Medina ou Marina Albuquerque e João de Brito
Desenho de Luz João Rafael Silva
Operação Técnica Roger Madureira
Cenografia e Figurinos Marco Fonseca e Rui Neto
Maquilhagem Tatiana Aracy
Fotografia Mariana Silva
Apoio à Produção Ricardo Foz
Produção LAMA
Projecto financiado por Fundação GDA e Direcção Regional de Cultura do Algarve
A Cabeça Muda é uma proposta de reflexão acerca do poder e da coisificação do ser humano. Este texto foi pensado a partir de histórias reais acerca de sequestros e posse em cativeiro de pessoas, pelo período de vários anos, nomeadamente raparigas, sendo essa captura executada por homens adultos.
Klaus, um homem com cerca de trinta anos, arquitecto, decide raptar, Astrid – há data com apenas doze anos de idade - , e mantê-la em sua casa numa divisão minúscula, subterrânea, onde a subalimenta e agride fisicamente. A peça inicia cinco anos após esse dia.
Aparentando uma relação clarificada, onde Klaus domina e Astrid é dominada, existe uma permanente tensão invisível. A crueldade do predador sobre a presa é ilimitada, testando-a até aos limites da sanidade física e emocional. Contudo, a acção passa-se maioritariamente com normalidade, como se fossem um casal com acentuada diferença de idades.
Nesta aparente normalidade, desenvolvem-se os jogos mais perversos e doentios, questionando-nos acerca das intenções reais de cada um. A posse e a libertação são os movimentos contrários de um conflito que prevê um trágico e inevitável desfecho. A Cabeça Muda é um fragmento de vida humana em cativeiro, num retrato que se quer realista e brutal, das sociopatias contemporâneas.